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Mostrando postagens de 2018

.oração coordenada conclusiva.

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quanto aos cajus que não pude comer, sempre haverá o ano que vem. por hora me concentro com calma no café com canela acarinhando conversas comigo mesma... calo consciente com a sorte de seguir escolhendo caminhos: silenciosa, ociosa em espírito percorro corredores, convivo entre espaços - de colheitas e de estiagem, conheço as condições das constelações, quase não recolho cajus, compartilho de seus cansaços caídos, circulando o tronco no tempo das siestas. a.n.

~~~oferenda~~~

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as lágrimas do mundo sempre alimentaram os mares, aliviaram os males. se eu pudesse, hoje me banharia com todas as lágrimas do mundo, deixaria rastro de flor, alumiaria os zoim do mundo inteiro. mas não posso, a noite é densa e eu sou míope. são lucas nas visitas semanais, espalha sabiduria de passarinho: - se não dá pra fruto, nem pra sombra, é mió corta, mizifia. corto a árvore, decoro a casa, preparo o banquete, mas não tem sombra pra todo mundo. do que adianta o bucho cheio e se queimar todo no sol, ou pior, encegar de tanta luz? não tem sombra, não tem luz, mas tem mar de homem, oceano de mulher e maré cheia de criança arrebentando na beira da praia. hoje eu queria ser essa onda, que quando estivesse a ponto de quebrar, se levantaria o mais alto possível pra ver o horizonte, e ao partir, deixaria só espuma branca e conchinha bonita. com sorte se ouviria de longe um piado de gaivota, anunciando paradeiro de comida. mas não tenho som, nem sombra, ne

|| natal ||

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sempre achei que por ser míope, desde os 6, sem os óculos postos nunca poderia encontrar: toalha, letra, rumo... qual não foi minha surpresa, quando aos 26, enxerguei ali no meio do campo, na imensidão das 3, aquela árvore branca retorcida. os olhos e o peito se fizeram cheia, contrastando com a paisagem e sua estrada, que de tempos em tempos, vai deixando pelas beiradas casinhas brancas de renascer, com suas cruzes sempre apontando pro céu. digo a mim mesma que a água e a visão recobrada não são ilusão, digo que são tão reais quanto o arco-íris que se forma na fumaça d'água, produzida pelas rodas de um caminhão qualquer que desliza pelo asfalto lá pelas 4, depois da chuva. a dificuldade é que pela costumeira vista embaçada, sempre desconfiei do que via: da sombra, da forma, da intenção. depois do campo, meu passo inconstante, me levou pra bem distante, e lá no rancho da bonita me fez parar por um instante. no horizonte do ranchinho, tinha uma port

//\\madera de deriva//\\

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por la mañana te vi de espaldas mirando hacia un mapa:  buscabas direcciones, ubicaciones y caminos  no por la preocupación en llegar,  si no por el interés de quedarse.  al fondo se escuchaba una canción de río: "vengo, voy y vengo,  soy mucho menos lo que sé que lo que siento"  y poco a poco el río lento llevaba cuentos, dolores y sabores: "vengo, voy y vengo,  soy todo aquello que no puedo llamar mío"  y cómo el río, al final de la tarde,  bañas todas aquellas direcciones, ubicaciones y caminos  no por la preocupación en limpiar,  si no por el don de fluir.  a.n. .gran sabana. ago. 2018

= móviles =

hoje gostei de chegar em casa e encontrar o carregador na tomada, do jeitinho que eu tinha deixado antes de sair. é que mesmo sem querer, as folhas seguem mofando, continuo perdendo meus lápis, por isso, ao ver o fio preto ali, na tomada constante, me tranquilizei. tem a ver com o fato de que nos últimos tempos não ando lendo muito, o presente vai se perdendo pró gerúndio, não importa muito o tipo de verbo: desde que esteja in-do-en-do-an-do... ao cabo, -pensando em um dia ojalá virar máquina de conectar- aprendi a tecnofilosofia dos celulares: funcional, sobrevivente e permanentemente carregando... ... ... a.n.

>/>/ comboio - passagem

seguindo os ensinamentos do lançar um pé após o outro, Misturinha 1 se apresentava tal qual era a todo e qualquer habitante daquela Savana, sua intuição lhe dizia que tudo era ser vivo, do mais chamativo ao menos atrativo: cada elemento e sua função. ia passando seus dias a percorrer estradinhas de terra serpenteando entre as casas, as criações de galinha, as roupas no varal, os risinhos de criança, os cheiros novos e velhos, os troncos de árvore e seus olhares antigos. ~~~ os cursos d'água~~~ ao descobrir algo novo, gargalhava, e de vez em quando, se chovia, chorava de pena pelo mistério desfeito. quando isso acontecia, a terra presenteava Misturinha 1: "a cada lágrima que se deixe tocar o chão, uma semente para aquecer o coração" e assim, as plantas que cresciam dessas sementes, por tradição, todos os finais de tarde sussurravam todo tipo de histórias de terras outras. ao anoitecer, Misturinha 1 sonhava com as narrativas das plantas, e ao desperta

>/ >/ comboio - primeira estação

elefantes caminham pela savana: comendo folhas, bebendo água. não existe hidratação  maior que memória de manada [às vezes a fome é tanta que se derruba a árvore] e ao marchar, as paisagens, elefantes, ramas suas orelhas e seus alto falantes se perdem entre horizontes e poeiras  de cantos distantes. O chapéu caqui recém comprado sempre esteve nos imaginários das aventuras de , desde os filmes, aos livros, passando pelos desamores alguns. o símbolo, a coroa ensaiada não poderia ser outra senão o chapéu cáqui que neste instante já estaria umedecido de suor e vapor de realidade atmosférica: atmosfera amarela pintada de gramíneas, baobás, cactos e acácias. a cada passo, a cada folhinha, a cada nuvem, ao mirar os céus Misturinha 1 se deixava envolver por um encantamento mútuo entre paisagem e sonho. estar ali presente, representava todos os caminhos de uma estrada que pouco importava se havia sido pré-vista ou não. uma vez que a partida se fez chegada, o chapéu na cab

}{ serpiente del sur }{

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para cada decolagem, um curso d'água, ~~~~flotar~~~~ demasiados pies a pairar contando milha por milha sem realmente atravessar as nuvens sinuosas entre o que se diz chegar e partir. aquilo que se diz ir, numa distração cartográfica significa venir y más allá num colapso dos trópicos, pode ser nunca mais voltar desnortear, no que diz respeito à tudo que é cinético: a gente quase sempre teve medo de médico vivendo quase sempre de superstição tão trivial quanto mortal é confundir as linhas de costura com as linhas da mão- intuição de feiticeira que corre sem nada nos pés no desejo de acender milhares de centelhas sem nunca dividir a vida entre cristal de mina e cristal de cachoeira

.caminologia.

se o sol brilha pela fresta da porta, se a vendedora de frutas ou o sapateiro sorriem, se a madeira queima lenta e espanta os mosquitos, se os tecidos coloridos ondulam pelo quarto no final da tarde, se sobe cheiro de tempero entre os vapores da panela ou da rua de trás se o trançado do cesto se desfaz, se surge uma palavra recém-nascida de uma estrela fugaz, se a estrada é longa e áspera aos 40 graus acima da linha do ecuador, se a humanidade está predestinada às caminhadas, e contudo, segue criando casas e sonhos cotidianos, sobre tudo pouco se sabe sobre a roda do tempo, só se vive um segundo sapiência existente é a do movimento circular que as mãos fazem no encontro das águas, para banhar e bendizer o corpo, os corpos que nunca deixam de se por em marcha, ao sul de sal à sol, semeando ciências, colhendo segredos, confiando em nada além do movimento das marés e no desgaste dos próprios pés: a.n.

...:hatemporal:...

eram das janelas, uma a uma, as luzes da cidade uma a uma, todas amarelas a não ser quando chovia, amarelos disfarçados de refração num espectro de azuis, dourados, vermelhos... o céu vermelho à noite se faz de denso, infinito mas ele não cobre o mundo inteiro: o mundo daqui sempre azul, mesmo quando toca o telefone entre-cortadas ligações o corpo traz pela mão o que ficou refratado na gota que escorreu pelo para-peito por 5 minutos, a casa desperta escuta os pingos reservados ao quintal e de tão poucos, se ouvem todos se serviu para matar a sede do rio é isso que conta, e não os dias de forte ou fraca correnteza: nesse instante até o sol se sente banal, porque às cinco da tarde, são as águas que fazem cantar o pardal. a.n.

{semânticas de janeiro}

"pensamientos azules para ti" - me han deseado azul era o som da cruviana percorrendo as persianas da cortina da sala o gosto do sorvete que você me comprou na sexta também era azul. as música do sábado, campos harmônicos azulados. o verde aos poucos foi se tornando azul, conforme passam os tempos que se contam em cadernos gastos. não sei como ou quando começou a transcoloração quiçá foram os tons dos dias e noites olhando pro céu, sem dizer nada, insular ultimamente, não sei falar ou tecer opinião sobre muita coisa pralém das paisagens cotidianas sem jeito, peço licença para adentrar às intimidades azules estilo é algo que passa do verde pro azul que a gente nem percebe. azu.lar - vem de universo, é de sistema solar vem de silenciar, é de luz que aos poucos preenche a sala, o quarto e a cozinha, e na varanda convida passarinhos à inventarem ninho é sobre os sons que saem da boca de alguém, quando conta histórias de lugares que nunca conheci: as pala