{universos paralelos}

aquele dia em que o sol
sem anúncio
entra pelas frestas das pálpebras
e é como se se abrissem
as janelas do tempo:

coloco os braços pra fora,
sinto o calor
me vejo deitada lá
à sombra duma árvore frondosa

uma forma de profecia
um pássaro com uma palavra

e o mar, sempre o mar
porque as águas,
segundo o dizer popular,
representam as emoções:

as águas com sal,
as emoções mais ressequidas e moças
é salmoura que se usa
pra limpar ferida

águo as dores
cato conchas
caligrafias nos cascalhos

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c(s)aio n(d)um sono profundo


II

aquele dia em que o sol
sem cerimônia
entra pela fresta da porta
e é como se se abrissem
as suntuosas janelas do tempo:

estico os braços pra fora,
sinto o calor
estou deitada lá
à sombra de árvores frondosas

a forma da intuição
o pássaro, palavra menina

e a chuva, sempre a chuva
porque as águas,
conforme a sabedoria bruta,
representam as emoções:

as águas pluviais
as emoções mais frescas e ancestrais
é rio que se usa
pra regar floresta

retorno aos regaços maduros de águas
resgato relíquias lá de macondo
me consulto com iara
me rebroto nos igarapés

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mergulho num sonho fecundo

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